Hi, Barbie!

Paixão, criatividade e muito rosa fazem parte da rotina de colecionadores da boneca Barbie em Santa Maria

Paixão, criatividade e muito rosa fazem parte da rotina de colecionadores da boneca Barbie em Santa Maria

Foto: Nathália Schneider (Diário)

Todo mundo tem uma paixão. Às vezes por um time de futebol ou às vezes pela boneca mais famosa do mundo: a Barbie. A personagem é um fenômeno desde 1959, quando foi criada, mas com a divulgação do filme Barbie, que estreia em 20 de julho, a cor rosa ganhou proporções internacionais. Então, imagina só, para quem coleciona o brinquedo há anos, ver pela primeira vez a boneca ganhando as telas de cinema por meio de atores reais (live-action). Com certeza, um misto de sentimentos para o coraçãozinho da professora de história da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Semíramis Corsi Silva; do repositor de mercadoria Iásser Arafat Daoud Silveira; e do profissional de educação física Cristiano Bianchine.  

O longa-metragem, dirigido pela estadunidense Greta Gerwig, promete entregar uma "Barbie real", interpretada pela atriz australiana Margot Robbie, e vai apostar em detalhes que vão trazer nostalgia para quem brincava com a boneca. Além disso, Greta inspirou-se em diversos filmes clássicos, como O Mágico de Oz, Cantando na Chuva e, 2001 - Uma Odisseia no Espaço. Esse último foi homenageado em um dos primeiros trailers de divulgação do longa: a cena clássica da chegada do monólito para os primatas, que é a marca do processo da evolução. No caso do filme de Greta, a personagem faz o papel do monólito, transformando a vida das garotinhas que estão ao redor.

Assim, por toda a expectativa, referências e trechos divulgados, o filme "Barbie" tornou-se um fenômeno mundial. A diretora conseguiu alcançar um público que vai desde os apaixonados pela boneca até os cinéfilos de carteirinha. E como fãs fiéis, os três colecionadores já compraram os ingressos para assistir a obra cinematográfica, porque não podiam perder a oportunidade de assistir, pela primeira vez, a Barbie ganhando vida pelas telas de cinema.

Tudo começou pelas fashionistas

A professora de história da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Semíramis Corsi Silva com uma parte das Barbies da coleçãoFoto: Vinícius Machado (Diário)

Para Semíramis, 41 anos, tudo começou por causa de uma conversa com a psicóloga. Em 2017, a professora de história estava em um período de muita ansiedade, por isso a especialista recomendou que ela tivesse um hobby (passatempo). A primeira tentativa foi cultivar plantas, mas não deu muito certo. As Barbies mesmo vieram quando Semíramis saiu do consultório da psicóloga e passou em um supermercado. Foi nesse dia, em um corredor do local, que começou a paixão pela linha fashionista da boneca.

– Era uma coleção que tinha começado a sair e era um pouco diferente daquele padrão da Barbie: magra e loira. Aí eu gostei muito, a primeira dessa linha foi uma boneca curvy com o cabelo cor de rosa (com mais curvas, saindo do padrão estético que a personagem clássica se enquadra). Depois disso, virou uma obsessão, eu queria a ruiva, a negra, a de cabelo azul, todas.

No início, Semíramis colecionava as bonecas playline (feitas para crianças brincarem), só que logo depois, começou com as colecionáveis, pelo site Dollscolector. A coleção de bonecas limitadas da professora conta com as Barbies da Cleópatra, interpretada pela atriz Elizabeth Taylor. Até agora, a mais cara da coleção dela é de R$ 800; da líder da banda New Wave Blondie, Debbie Harry. Ainda há outras, como a inspirada no cantor David Bowie; da apresentadora e drag queen RuPaul; e da sua favorita: a cantora estadunidense Cher.

Cenários, roupas e Cher

Foto: Vinícius Machado (Diário)

As colecionáveis, ou raras, ganham um espaço especial no apartamento: ficam em uma cristaleira, para os gatos não derrubarem ou até mesmo brincarem com as bonecas. As da linha playline, geralmente, estão em uma estante no quarto ou nas prateleiras que viraram uma casa para todos os personagens. Semíramis conta que cada colecionador tem algumas manias. Ela, por exemplo, não se importa com a caixa que a Barbie veio, ou em trocar as roupas originais. Para a professora, o importante é conseguir expressar o lado criativo. Algumas de suas personagens têm nomes, histórias de vida e até tatuagens. Como a Raven, a Barbie ruiva que é a sua companheira:

– O meu intuito, mais do que colecionar, foi começar a fazer cenário para poder usar minha criatividade. Minha mãe e meu avô sempre me incentivaram na infância a brincar de boneca. Por isso, eu troco as roupas, pinto o cabelo, faço tatuagem de chiclete, e costumava fazer muitos cenários, como de festa, de exposição de arte. Fazia festa com pessoas que conheci pelo instagram.

A Barbie favorita: a Raven Foto: Vinícius Machado (Diário)

Em relação às dificuldades de um colecionador, a professora comenta que, sem dúvidas, é o espaço. Ao todo, a coleção conta com 80 bonecas, mas precisou parar de aumentar, por enquanto, por causa desse empecilho. Ela brinca que em uma outra casa, quando se mudar, quer ter um quarto só para as Barbies. Em um futuro, talvez não tão distante, um sonho que Semíramis gostaria de realizar é ter todas as Barbies da Cher na coleção.

Além disso, ela pretende conseguir todas as bonecas antigas de quando era criança, mas o preço é alto, porque são Barbies consideradas clássicas, do final dos anos 1980 e início de 1990, como a Baile de Máscara, a Médica e o Ken Rock (sim, os colecionadores também têm o famoso namorado da personagem). A professora tem até o vampiro mais famoso dos filmes, Edward Cullen, interpretado pelo ator Robert Pattinson (agora, mais conhecido como Batman).

Rosa e mais rosa

O repositor de mercadoria Iásser Arafat Daoud Silveira Foto: Nathália Schneider (Diário)

Almofadas, cobertor, dvd's das animações da boneca e, claro, muitas Barbies, fazem parte do cenário do apartamento do repositor de mercadorias Iásser Arafat Daoud Silveira, 31 anos. Iás, como é chamado, conta que desde pequeno adorava a personagem.

– Eu ia na casa das minhas primas e elas deixavam eu brincar com as barbies. Sempre gostei de assistir os desenhos, ia nas lojas e me encantava olhando. Logo que tive a oportunidade de juntar dinheiro, comprei a primeira: uma Barbie surfista da coleção California Girls.

Iás é o tipo de colecionador que gosta de deixar elas nas caixas, e a maioria com as roupas originais. Mas, se engana quem pensa que ele nunca tirou elas das embalagens. Toda vez que adquire uma nova para a coleção, a boneca é retirada para ter o cabelo arrumado, além de servir como modelo para gravação de vídeos e fotos. Na verdade, a embalagem, segundo o colecionador, ajuda a evitar o acúmulo de pó e fica mais fácil para higienizá-las.

A favorita da linha playline é a Barbie Fada do Campo, personagem do filme Barbie Fairytopia, um sonho de infância realizado por ele. As asas rosas dominam a segunda prateleira da estante.

– É um hobby, eu adoro. Sou apaixonado pela personagem, por ter elas, por ver, sempre gostei. A fada do campo consegui pelo Mercado Livre, é um sonho de infância que consegui realizar mês passado, bem na época do meu aniversário – relata o repositor.

Foto: Nathália Schneider (DIário)

Super-heroínas colecionáveis

Desde 2015, Iásser começou a colecionar bonecas de personagens de filmes de super-heróis, como a Batgirl, Arlequina e a sua favorita dessa coleção: a Mulher-Maravilha do live-action, com a atriz Gal Gadot, e a clássica da animação (sim, o colecionador tem duas Barbies da personagem, porque a icônica heroína merece). Essa coleção ganha um espaço especial na estante do quarto, junto aos Ken do Batman e do Superhomem. A mais cara dessa linha é a Supergirl, adquirida por R$ 700.

Foto: Nathália Schneider (Diário)

Ao todo, o colecionador tem mais de 200 bonecas e ainda dá uma risadinha ao contar que tem mais Barbies guardadas na casa da mãe. Quando vai visitá-la, geralmente, traz de volta algumas para deixar o lar mais completo.

As últimas aquisições foram duas Barbies da personagem atual do filme, interpretada pela atriz Margot Robbie. As expectativas para assistir ao longa-metragem estão lá nas alturas, conta. Elas foram compradas em uma loja de Santa Maria, local onde o colecionador já adquiriu várias para a coleção.

– Meu contato com outros colecionadores começou pelo Facebook. Costumávamos conversar lá, postar fotos, montar looks diferentes, penteados, com temáticas diferentes e cada um postava sua foto.

Atualmente, o repositor entrou na onda dos vídeos do TikTok. O perfil @iastoy mostra os detalhes das caixas, dos acessórios e das roupas sempre com uma trilha sonora animada.

Foto: Nathália Schneider (Diário)

Caminhos para a representatividade

A primeira Barbie do profissional de Educação Física Cristiano Bianchine, 40, veio no aniversário de 31 anos. Logo depois, passava na frente das vitrines das lojas para saber as novidades. Um dia, decidiu comprar mais duas. Assim, começou a coleção bem diversa, que hoje tem 37 Barbies, além de outras bonecas similares.

– Eu sempre quis muito. Quando era criança não tinha, porque era menino e não era comum ter Barbie. Foi um sonho que guardei por anos. Quando comecei com a primeira, cresceu cada vez mais.

O profissional de Educação Física Cristiano BianchineFoto: Eduarda Paz (Diário)

Para Cristiano, que coleciona há quase 10 anos, é muito perceptível as mudanças na estética das bonecas. Atualmente, a Barbie não enquadra-se apenas naquele padrão estético: loira, magra e de olhos azuis. Existem Barbies negras, com vitiligo, sem cabelo, representando pessoas com deficiência, como em cadeira de rodas e com próteses. Enfim, uma diversidade, que permite às crianças de hoje sentirem-se muito mais representadas pela boneca mais famosa do mundo.  

 Ela mudou as articulações também. Podemos ver que as super-heroínas têm mais músculos, são mais fortes. A cintura não está tão fina também. Ainda não chegamos no ideal, mas estamos caminhando para isso – explica o colecionador.

Foto: Eduarda Paz (Diário)

Filme "Barbie" é o momento

No alto da estante de Cristiano, assim como Iásser, as super-heroínas ganham destaque. A Mulher-Maravilha, com escudo, espada e cabelos esvoaçantes chama a atenção, até mesmo para quem não conhece o universo dos super-heróis. No entanto, o profissional de Educação Física, não esconde que a favorita é a Mera, personagem do live-action de Aquaman, interpretada pela atriz Amber Heard. Ele explica que a boneca não lembra tanto a atriz, mas a vestimenta é de ficar de queixo caído.

As últimas adquiridas pelo colecionador foram a Fênix Negra e a Batgirl. As colecionáveis dessa linha são mais caras, Cristiano relembra que o maior preço que ele pagou até hoje foi em torno de R$ 350. As próximas aquisições, provavelmente, vão ser as Barbies com os looks do filme. Cristiano é o tipo de colecionador que, na maioria das vezes, deixa a roupa original das bonecas, contudo os acessórios às vezes precisam ser retirados, por causa dos dois gatinhos: o Fred e a Margot. Os animais adoram passear pela estante onde ficam as Barbies.

Barbie da personagem Mera, do filme live-action do AquamanFoto: Eduarda Paz (Diário)

 – Para olhar o filme vou levar uma delas, eu e minha amiga vamos pagar mico, mas igual vou assistir o filme com uma delas.

O profissional comenta que já comprou o ingresso para ir mais de uma vez assistir ao filme, porque precisa se dividir com mais de um grupo de amigos. Além disso, ele não tem dúvidas de que a obra cinematográfica vai ser linda. Também contou, dando risada, que vai olhar bem mais de uma vez, mesmo que seja para apontar alguns defeitos.

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